quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Sempre tem a 1ª vez!

Antonio Gabriel sempre fora um bom menino. Adorava brincar com os coleguinhas, principalmente jogar bola. Pouco comentava sobre isso, mas tinha um sonho: ser jogador de futebol. Tanto é que foi até São Paulo e fez teste para jogar num time paulista. Foi-lhe pedido para voltar para um novo teste, mas nunca mais voltou. Brincava muito e era bastante pacífico, nunca foi de brigar com os colegas, pois era avesso à agressão física. A única vez que isso aconteceu foi quando seu colega, Fred, num jogo de queimada chingou sua irmãzinha ofendendo a mãe dela, então Antonio Gabriel contrariando sua própria educação interior, deu-lhe um soco no olho que ficou roxo por vários dias e essa atitude indelicada deixou-lhe certa tristeza e arrependimento.

Era amigo de todos, especialmente do professor Juliano e seus irmãos, e sempre ia ao apartamento onde eles moravam com seus pais, no mesmo condomínio em que também morávamos. Juliano, o pai, a mãe e os irmãos eram pessoas maravilhosas e tinham o garoto como filho e irmão.
Até os dezoito anos, só bebia refrigerante. Nada de bebida alcoólica. Resolveu então cursar a faculdade de Educação Física. Não se tornou jogador profissional, seu grande sonho, mas o curso de Educação Física o fez tornar-se profissional, nessa área.

Num certo dia, ao anoitecer, Antonio Gabriel foi até o apartamento deles para comer pizza a convite do professor. Passaram-se algumas horas e lá pelas 22:00 horas, aproximadamente, a campainha tocou e ao abrir a porta vi Antonio Gabriel sendo escoltado pelo professor, pois como não era acostumado a beber, o vinho que tomara na ceia da noite, numa rodada de pizza, deixou-o um pouco aturdido, por que não dizer embriagado? E ao abrir a porta, meio cambaleando, entrou cantando a canção que havia ouvido seus pais e principalmente sua avó cantarem para ele: “Mãezinha do céu. Eu não sei rezar. Eu só sei dizer que eu quero te amar...”, e meio fragilizado pelo vinho, abraçou-me.

Nesse momento senti-me também fragilizada por ver meu filho meio que embriagado, mas também achei graça e fiquei encantada ao ouvi-lo cantar a canção que eu, a avó e a Tatinha (Isabel, a moça que cuidara dele quando criança) cantávamos para ele dormir. Que bom que aquele primeiro porre não se tornou comum na vida do garoto e que bom que ele sempre teve e sempre terá presente em sua vida a guarda e a proteção da mãezinha do céu.

ELIAL

Gesto Infantil

Era um sábado do mês de setembro. O dia amanhecera ensolarado e para todos da família era um dia especial. Naquele dia, dois jovens enamorados, apaixonados, iriam se unir pelos laços sagrados do casamento. O noivo, Frederico, era irmão de Fernando, o pai da principal personagem dessa história.

A noiva, Alice, tinha sido minha aluna do curso normal colegial (Magistério – 2º grau) e eu nessa época estava cursando o penúltimo ano do curso de Letras Anglo Portuguesa numa cidade distante, e justamente nesse dia haveria prova de inglês e não poderia faltar, pois era dia de prova bimestral e naquele tempo, dificilmente, raramente, só em casos de extrema necessidade e justificativa se faltava às aulas.

Era o ano de 1972. A cerimônia do enlace matrimonial aconteceria às 16:00 horas, na igrejinha da cidade onde residíamos. Eu, meu marido e meus dois filhos nos arrumamos e fomos à cerimônia, mas por ter que ir à faculdade, eu participaria apenas da cerimônia religiosa. A festa? Nessa eu não poderia ficar devido ao compromisso escolar. Assisti apenas à cerimônia religiosa, depois precisei tomar a Kombi que nos levaria à faculdade, eu e mais sete companheiros.

Durante a cerimônia religiosa, sentados em um dos bancos da igreja, minha filha, uma graciosa loirinha com apenas 3 anos de idade, virou-se para o irmãozinho Gabriel, que tinha 5 anos de idade e que era praticamente o seu anjo da guarda de todos os dias, principalmente quando saiam às ruas para brincar, e, num tom de voz um tanto orgulhoso e feliz, disse:

─ Tato, olha a conguinha nova que a mãe comprou pra mim!
E o Tato então, levantando a sua perna, apontando para o pé, num alegre tom de voz, também disse:
─ Eu também ganhei sapato novo. Olha o meu Kichute. É novinho, é novinho em folha.
Aquela atitude tão ingênua e infantil não me deixou constrangida, porque nessa época, conga e kichute eram THE BEST, ou seja, eram os tênis da moda, usados pela maioria das pessoas que ali estavam.
ELIAL